quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Modo inteligente em uma relação

reconciliacao_de_casal
“Quando um não quer, dois não brigam”, já diz o velho ditado popular. Brigas entre casais são constantes, mas muitas delas podem ser evitadas. A vida de um casal não é sempre harmônica, os desencontros e as discussões se sucedem a cada minuto, mas como abordar as diferenças de um modo inteligente e produtivo? A médica psicoteraupeta Graciela Moreschi nos dá as respostas.
- Para resolvê-los, temos que primeiramente aprender certas ferramentas e atitudes:
• Saber o que um sente sem botar a culpa no outro;
• Aprender a impor limites;
• Ser assertivo (falar as coisas em primeira pessoa e afirmativamente);
• Ser flexível;
• Saber negociar sem se resignar, nem tentar impor ao outro.

- Quais são as 10 brigas mais comum dos casais e como resolvê-las?
Para além das histórias pessoais e do tempo que levam juntos os casais, existe uma série de temas conflituosos que, no geral, são os mesmos: o dinheiro, a família do outro, os amigos, o tempo livre, os filhos, a carreira ou o trabalho, as fofocas, a intenção de controlar o outro, os detalhes e a mania de querer ter razão.
- A família de origem
O tema da família dele ou dela é um motivo freqüente de discussão, sobretudo entre casais recém-casados, que estão marcando terreno para ver quem impõe as regras. Estas são brigas pelo poder, em que cada um descobre que tem uma visão particular sobre o mundo que não coincide com a do outro.
- Por que a família do outro pode ser um problema?
Quando alguém se casa, forma um novo sistema familiar. Mas isso não implica em desligar-se do anterior. Hoje mais que antes, as pessoas permanecem muito mais ligadas a sua família de origem, sobretudo por questões econômicas. Como os novos casais não confiam que a relação seja duradoura, sabem que o que pertence aos pais lhes pertence como filhos, enquanto que aquilo que compartilham com seu par pode, amanhã, ser perdido. O certo é que existe mais fidelidade vertical (com a família de origem) que horizontal (com a nova família). Isto gera um desequilíbrio, porque começa a haver uma questão de lealdade.
- A quem se deve ser leal?
A lealdade está no casal. Supõe-se que, desde o momento em que se casam, formam uma nova sociedade e um rompimento com o núcleo anterior. Essa é a única forma do sistema se fortalecer.
- Se um tem problemas com a família do outro, evitar o encontro é uma solução?
Supõe-se que um não pode se afastar de sua própria família, nem pedir ao outro que o faça, há que se somar e não diminuir. Em outras palavras, não se trata de abster-se ou afastar-se, e sim de pôr limites a esta influência. E aquele que em primeiro lugar tem que por limites, é o filho. Não a mulher do filho, ou o marido da filha.
- Como se pôr limites sem magoar o companheiro?
Os limites, primeiro se põem na própria família e, em seguida, ao companheiro. Pôr limites não é brigar com eles, sim argumentar quando uma situação nos fizer sentir mal e que esperamos tolerância da outra parte. Também é pedir um tratamento respeitoso. Não se pode exigir do outro que ele goste de alguém que ele não goste, mas se pode pedir que não provoque conflitos, finaliza a médica.
- O trabalho e a carreira
Em muitos casamentos, para além de quem ganha mais, as brigas podem vir pelo lado de quem tem um lugar mais importante em nível de trabalho. Os conflitos surgem quando cada um tem um plano de carreira individual e a isto se soma o ingrediente da competência, sobretudo quando ambos trabalham na mesma atividade. Nestes casos, o casamento não é um apoio para o crescimento profissional já que reduz espaço e tempo para a carreira. Isso é mais sentido pelas mulheres que pelos homens.
- Por quê?
Por que a mulher atua nos dois terrenos. Para o homem, por uma questão cultural, o casamento é um suporte porque ela se ocupa dos trabalhos cotidianos e ele se dedica ao trabalho e a trazer dinheiro para casa. Em contrapartida, a mulher, além de trabalhar e querer desenvolver-se profissionalmente sente como sua responsabilidade cuidar da casa. E se não faz, ou não faz bem, sente culpa.
- Trabalhar no mesmo lugar pode ser mais conflituoso que em lugares diferentes?
Sim, pode ser conflituoso, mas também tem suas vantagens. Isto de trabalhar juntos é muito comum hoje em dia. Por que muitos casais se conhecem estudando, no trabalho ou criando um empreendimento juntos. Tudo depende de como manejam o tema da competência e dos interesses comuns. Por um lado, estes interesses comuns e certo grau de compreensão, de cumplicidade, facilitam a comunicação e uma maior aproximação, mas, se membros do casal são muito competitivos, esta área comum pode ser fonte de conflitos.
- Se diz que “os problemas de casa devem ser deixados em casa e os do trabalho, no trabalho”, isto é realmente possível?
Isto é difícil de pôr em prática. Se dissermos que temos que deixar os problemas fora, então, quem chega a esta casa? Uma coisa é estar envolvido com trabalho o tempo todo, e não admitir outro tema de conversa; e outra coisa é pretender que se chegue em casa como se nada houvesse acontecido. Quando decidimos, “deixar os problemas do trabalho fora”, na realidade deveríamos dizer, “necessito que você se envolva com os temas da casa”, e que trabalho não seja o único importante. Se existe algo que nos preocupa e ocupa nossa libido, nossa energia e atenção nesse momento, não podemos deixar de abordá-lo com o cônjuge. Quando uma pessoa se relaciona com outra, o faz na totalidade, não parcialmente. Um casamento é um lugar onde devemos nos envolver. Por isso, se deve falar sobre todos os temas. A questão é como os abordamos.
- Como abordar o tema da competição?
Creio que a primeira coisa que se deve admitir é que, para que haja rivalidade, deve haver, pelo menos, duas pessoas. Se um não tem com quem competir, o outro não pode fazê-lo. A partir daí, se verá como se resolve. O mais importante é você tomar uma posição. Lembremos que só podemos mudar a nossa própria cabeça.
Fonte: Revista Buena Salud

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